Hoje faz uma semana que meu iPhone enlouqueceu. Passou o dia todo apitando, desesperado, para me avisar que uma nova mensagem havia chegado. Hoje faz uma semana que entendi, de verdade, o que é o mundo em rede. Qual é a força do compartilhamento. Qual é o tamanho do poder do Facebook e do SEO bem feito no Google. Também faz sete dias que experimento o prazer da troca de sentimentos e palavras com pessoas, iguais ou diferentes de mim, que se conectaram comigo pelo sentimento e pela emoção. Hoje faz sete dias que recebo abraços quentes e ligações telefônicas de pessoas que dizem ter encontrado conforto e inspiração após lerem o que escrevi.

Há uma semana, o Projeto Draft (um projeto editorial dedicado a cobrir a expansão da inovação disruptiva no Brasil) publicou um texto meu na sessão Guest Members. Nele, eu falava sobre a experiência de perder o crachá, depois de 23 anos trabalhando em uma mesma empresa. Desde então, experimento algo tão intenso e forte quanto o tema do artigo. Só que dessa vez, com o sinal invertido de +, de positivo. Sinto gratidão, alegria e prazer. O texto, lido por mais de 350 mil pessoas, já foi compartilhado 80 mil vezes. Recebi quase mil mensagens de agradecimento, apoio e incentivo. Muitas trazem experiências tristes de quem ainda não conseguiu superar a dor da perda do emprego. Outras relatam reviravoltas incríveis. Algumas falam apenas de inspiração e preparação para uma eventual mudança de vida. Respondi uma a uma, colecionando histórias e sentimentos semelhantes aos meus. É curioso como a dor compartilhada muda de cor e intensidade. É horrível se sentir só, único, no infortúnio. Há uma semana, posso contar com novos companheiros e, eles, comigo. Isso é muito bom.

Ontem, conversando com o querido amigo e publicitário Maurício Magalhães sobre a onda de emoção que se criou em torno do artigo, percebi que a sincronicidade (no sentido mais junguiano do termo) permeou esse processo. Bordei, novamente sem planejamento estratégico, uma cadeia de acontecimentos impregnados de significado. A ideia do blog A Vida Sem Crachá foi fruto de um insight que tive pedalando na Avenida Faria Lima, em São Paulo. Fiz o blog e dele surgiu o convite para escrever minha história. Porque escrevia, comprei o livro Executivo Sincero, do meu ex-colega Adriano Silva. Li, gostei e decidi entrevista-lo. Por causa da entrevista, ele me pediu um texto para o Draft. Para ser gentil e retribuir a gentileza dele, fiz o artigo. Na edição, Adriano destacou a imagem forte da pele sendo arrancada. Hoje, enquanto caminhava com meu cão e pensava nisso tudo que escrevo, percebi que devolveram a minha pele, mais firme, mais forte, mais bela, untada de carinho, amizade e compaixão.

Faz tempo que aprendi que nada acontece por acaso. Cada movimento que fazemos, por menor que seja, gira a roda-gigante do destino. Bingo. Só tenho uma palavra para fechar esse texto. Obrigada.

42 comentários sobre ““Devolveram a minha pele, untada de carinho, amizade e compaixão”

  1. Claudia, li com muito carinho esta sua mensagem. Havia lido a outra, sobre a perda do crachá, e me havia identificado totalmente. Fico feliz em saber que você ganhou pele nova e melhor! Obrigada por compartilhar! Beijo!

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  2. Cláudia,

    Só tenho que te dar os parabéns pela sua história! Quando li seu texto que está realmente fazendo muito sucesso me senti um pouco na pele, pois há dois meses fui desligada da empresa que atuava como Executiva de RH. Foram 08 anos, nada comparado ao seu tempo, mas foia história construída e conquistas pessoas que fiz através dele. Hoje aos 37 anos estou buscando me recolocar novamente mais com outros pensamentos. Decidir com meu marido que preciso trabalhar, mas em paralelo quero empreender tb, as vezes me da nos nervos ter que voltar a essa vida de glamour, mas que vc não tem vida! E noomento da nossa saída por mais que seja doloroso para alguns, somos um número.

    Bem, enfim, parabéns pela sua atitude de mostrar seu sentimento é quem sabe um dia eu estarei contando uma estória parecida…rs.

    Grande beijo.

    Patricia

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  3. Excelente seu artigo, li há uma semana o artigo sobre sua demissao e nao tem como nao se identificar, marquei uma amiga para ler no facebook. É bom falar sobre o impacto que esses acontecimentos causam em nós, porque de certa maneira isso ajuda a aliviar a tensao, o medo e toxidade que acompanham esses momentos difíceis e inevitaveis que todos nós, mais cedo ou mais tarde enfrentamos. Obrigada por escrever sobre isso e compartilhar sua experiência. Inspirador seu segundo artigo, pelas fotos acima parece que você é mais feliz agora.

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  4. Obrigada por compartilhar! As vezes a gente sente a mesma coisa e fica lá dentro como uma cicatriz. Mas quando percebemos que outras pessoas também sentem, parece que nos liberta. Você escreve muito bem. Continue!

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  5. Oi Claudia!

    É muito bom ter um “refúgio” ou um “lugar de referência” para refletir quase que diariamente. Este lugar agora é o seu blog.

    E é engraçado, pois fiquei sabendo do seu texto na 5a feira, quando uma pessoa aqui do escritório o li em voz alta. Fiquei tão curiosa que fui atrás no google, e cá estou desde então acompanhando seus textos.

    Deeve ser bacana essa sensação de alcance, de poder impactar tanta gente, e de forma tão positiva. Por favor, não pare!!!

    PS: a foto nova na praia, é sacanagem pra nós da vida com crachá! rsrs

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    1. Nathalia, obrigada por sua mensagem. Sacanagem mesmo. Hoje Tb estou em SP e o dia está cinza. É fascinante essa ideia de alcance e de fazer algo bacana meio que sem querer. Não vou parar e espero que vc Tb não pare de ler. Beijo

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  6. Olá, Cláudia!! Seu blog tem servido de incentivo pra mim. Tem feito olhar pra mim e rever a minha caminhada e coragem para encarar novos desafios!!! Cláudia Andrade

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  7. Claudia,
    ao se expor, expondo seus sentimentos de dor (arrancaram minha pele…) e de gratidão (devolveram minha pele…) você nos faz retomar algo tão simples, necessário na vida das pessoas que é o ato de compartilhar.
    Compartilhar dor nos ajuda a entendê-la e fazê-la do tamanho que é para nós e ajuda a outras pessoas tb. Coisa q em tempos atuais só ousamos fazer em salas de terapia individuais, pois no face só postamos nossos sorrisos e sucessos, não é?

    Ao usar as ferramentas atuais, muito mais abrangentes e poderosas (blogs, redes sociais etc) vc abre espaço para uma “re-humanização”, para a discussão das dores e dissabores da vida que é normal, que é humano.

    Quando deixamos nossas casas em busca de nosso sustento e independência deixamos para traz nossas conversas com amigos, nosso, tempo de reflexão para entramos numa luta insana de demonstração de competências, de, alto desempenho, de cumprimento de metas etc etc etc.

    Esse espaço que vc abriu nos dá oportunidade de refletir sobre o essencial da vida! Parabéns pela iniciativa e OBRIGADA!

    Espero ansiosa pela publicação de seu livro.

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  8. Claudia, conte com minha torcida e emoção a cada passo do caminho. É isso, a vida em rede é assim. Se por vezes é impessoal. por outras faz jus ao nome “rede” e nos abraça e conforta. Sucesso, sempre.

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  9. Cláudia, adorei o texto. Nele você representa fielmente a vida de várias pessoas que dedicam anos ao mesmo trabalho. Ao mesmo tempo, mostra que quando já não é possível mais estar lá poderemos encontrar um novo caminho.

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  10. Cláudia,
    A vida sem crachá nos traz de volta nossa verdadeira identidade. Estou em carreira solo e livre a 1 ano e 5 meses e só consigo ver o lado bom de reconhecer-se além de rótulos e instituições. Não sou mais um código alfanumérico. Nem alguém que ocupa a baia tal. Sou feita de sonhos, de grandes aspirações e respirar fora do aquário é simplesmente divino. Por opção, por paixão pela descoberta.
    Abraços,

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  11. Claudia há uma semana li seu artigo , me tocou não só na emoção do fato mas a forma doce da descrição de uma vivencia tão forte/violenta. Corri pro seu blog, delicioso, alegre, humano, elegante. Obrigada pela inspiração. Matilde Guedes

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  12. Cláudia, quando te conheci, no colégio e eramos jovenzinhas, eu já admirava você, não sabia bem porque, mas agora entendi, é esse poder de expressar com palavras inteligentes, emoções sinceras. Lindos textos. Bjs

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  13. Claudia. Fico maravilhada com seus escritos. É muito bom ver como você está superando o escalpelamento (kk). Como te falei antes, eu sofri do mesmo mal, mas me recuperei bem rápido. Na verdade curei tudo em menos de um ano. Sou muito feliz e recompensada com aquilo que faço. Ajudo pessoas e empresas a se reinventarem. Grande abraço!

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  14. Claudia, prazer em ter contato com sua experiencia de vida, exatamente quando faço dois meses de rompimento de um casamento emprtesarial de 19 anos. Me desligaram, mas no intimo acho que pedi isso, porque estava muito infeliz onde estava e fazendo o que estava fazendo. Estava como se chama no mercado CIO ou Diretor de Tecnologia da Informação. Muito da sua História é exatamente como ocorreu comigo. Estou muito bem e estruturando projetos individuais, porque não quero por hora o mundo corporativo, de relações superficiais, porem intensas. Quero criar projetos onde me sinta bem, mas principalmente que faça bem para as pessoas, contar da minha quase 30 anos de experiencia na área de TI, onde exerci o cargo de gestão de equipes por 18 anos. Muito prazer em conhecer e saiba que agora lhe sigo fielmente, é quase comno se olhasse no espelho e falasse o que você escreve. Um abraço.

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  15. Cláudia, boa tarde! Acabei de ler seu texto… estou simplesmente encantada com sua escrita e sua pousada! Espero ter a oportunidade de conhece-la em breve, você e sua história são inspiradoras! Como diria Veríssimo “Quando a gente acha que tem todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas.” De coração, que suas novas respostas sejam a trilha para sua felicidade mais plena! Muito re-sucesso pra você!

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  16. Oi Cláudia tudo bem? Como está essa terra linda onde você trabalha? Eu sou uma das suas novas fãs (Ex-IBMista e nova sem crachá) que li o texto anterior e que estou grata por ainda estar ouvindo de você toda essa experiência. Continuo em paz e buscando meu caminho, amanhã preciso fazer a homologação e estou encontrando forças para ir, quero me livrar de todo esse processo logo. Hoje fui fazer um exame médico e a atendente da empresa me perguntou: ” Profissão? “Isso te faz lembrar, lembrar que preciso encontrar esse caminho novo. Um beijo grande para ti e continue compartilhando com a gente? Não esquece a Bienal do Rio, quero muito te ver por aqui.
    PS1: Adorei a foto da capa do Blog com o macbook na praia, é um luxo só!!!

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  17. Claudia, seus textos estão brilhantes, como você !
    Foi um prazer trabalhar contigo e ainda maior poder ler suas mensagens.
    Os caranguejos (agora seus vizinhos), trocam a carcaça diversas vezes até chegarem à fase adulta. Considere essa troca de pele como um “upgrade” na maturidade. Grande beijo !!

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  18. Claudia, lamento muito só ter sido apresentada a você agora. Precisava ter lido seu texto há cerca de dois anos! Perdi essa excelente inspiração. Obrigada pelos ótimos textos. Sou sua fã.

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  19. Claudia, bom dia!
    Conheci o seu blog hoje e estou adorando suas publicações.
    Estão me fazendo refletir.
    Já li quase todas.
    Desejo sucesso.
    Abraços.

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